O enfoque dado à questão ambiental nas últimas décadas – muito em função das mudanças climáticas e degradação do meio ambiente – coloca em evidência uma vertente do racismo estrutural que pouco era abordada e discutida: o racismo ambiental. Ao debater sobre raça e racismo, é importante compreender os diversos modos em que este se apresenta, justamente para que se possa traçar as estratégias para combatê-lo em suas mais variadas formas. Ultimamente, temas como o racismo estrutural e institucional têm sido mais difundidos, contudo, outros como o racismo ambiental são pouco tratados e sua natureza muitas vezes acaba não sendo compreendida.

O racismo ambiental é uma temática ligada aos debates da justiça ambiental e surge no contexto dos Estados Unidos durante a década de 80, através dos movimentos negros que lutavam por direitos civis. O termo tem como motivação o entendimento da relação entre irregularidades ambientais e como estas atingem de maneira mais incisiva as populações negras e tradicionais. Nesse sentido, o racismo ambiental está intimamente relacionado às injustiças sociais vivenciadas por grupos mais vulneráveis em todo o mundo.

Há diferentes formas de definir o que é racismo ambiental e seus respectivos impactos. De maneira ampla a definição de racismo ambiental é compreendida como todo resultado negativo oriundo dos processos produtivos que recaem de maneira mais degradante sobre populações negras e estigmatizadas. De maneira menor no nosso dia a dia e ao nosso redor, é possível perceber que o racismo ambiental se configura também através da naturalização das injustiças e da falta de solução para elas.

Dessa forma, identificamos em especial no território brasileiro que impactos como alagamentos, falta de acesso a esgoto tratado e coleta de lixo, deslizamentos de terra, destinação de resíduos tóxicos, entre outros, acometem de maneira desproporcional e recorrente as áreas habitadas por populações mais pobres, ribeirinhas, tradicionais e também mais negras. É como se subjetivamente houvesse um consenso social e político de desvalorização desses grupos sociais e suas comunidades. A falta de soluções e de políticas públicas adequadas para esses problemas, apontam as diferenças socioespaciais com que determinadas áreas geográficas nas cidades e estados são gerenciadas.
Entendendo-se o conhecimento como uma das mais importantes ferramentas para a organização social contra o racismo em suas diferentes vertentes e, considerando que esta é uma discussão ampla, sugerimos a leitura de produções que auxiliarão numa melhor compreensão e aprofundamento sobre o tema.

Para saber mais:
https://educacaointegral.org.br/reportagens/6-materiais-para-saber-mais-sobre-racismo-estrutural-e-ambiental/

Referências: ABREU, Ivy de Souza. Biopolítica e racismo ambiental no Brasil: a exclusão ambiental dos cidadãos. Opin. jurid. vol.12 no.24 Medellín July/Dec. 2013. Acesso em 25 de jan. 2023: http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S1692-25302013000200006&script=sci_arttext&tlng=pt

HERCULANO, Selene. Racismo Ambiental, o que é isso? Acesso em 25 de jan. 2023. Disponível: https://www.professores.uff.br/seleneherculano/wp-content/uploads/sites/149/2017/09/Racismo_3_ambiental.pdf