No dia 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, que foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em referência ao dia de abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente Humano, realizada entre 5 e 16 de junho de 1972, em Estocolmo – Suécia, primeiro e um dos principais eventos internacionais sobre o tema. A intenção internacional em promover a comemoração é, desde seu início, chamar a atenção da sociedade em geral para os graves problemas ambientais já sentidos e reconhecidos à época por alguns setores sociais vinculados a diferentes atividades econômicas, políticas e culturais.

E passaram-se 50 anos, desde então. Nesse período, muitos outros eventos aconteceram, encontros de cúpula governamentais, empresariais e de organizações da sociedade civil. A Academia e os meios de comunicação, antes omissas, estão olhando para o tema com maior atenção e preocupação. O que até os anos de 1970 era percebido como problemas isolados ou pouco graves diante da imensidão planetária (vista como infinita na disponibilização de recursos naturais para as atividades econômicas), atualmente obtém centralidade política e social em um planeta finito que exige da humanidade uma outra postura e novas formas de viver compartilhando o mundo com os demais seres que coabitam a Terra.

Contudo, esse avanço de discursos favoráveis à sustentabilidade, de conhecimentos que indicam a necessidade de mudanças profundas no projeto civilizatório vigente, e mesmo de boas práticas ambientalmente adequadas, não resultou em todas as mudanças necessárias. O panorama geral é bastante preocupante. Sem entrar em números específicos, uma vez que estes mudam significativamente em períodos curtos, séries históricas, indicadores que monitoram a situação de aspectos sensíveis ao equilíbrio ecossistêmico global, sinalizam para uma piora sensível nas últimas décadas. 

Isso se verifica, por exemplo, em relação ao aumento médio de temperatura planetária, com mudanças climáticas que geram eventos naturais catastróficos e deslocamento de populações inteiras de seus territórios originários. O declínio da biodiversidade, com uma perda média de 1/3 das espécies de répteis, anfíbios, aves e mamíferos nos últimos 100 anos. A redução do volume de água disponível para produção alimentar e potável para o consumo doméstico. A redução acelerada de coberturas naturais dos principais biomas. E tudo isso veio acompanhado do aumento de fome, miséria e violências múltiplas. Ou seja, nem mesmo a antes proclamada tese de que a destruição ambiental era um mal necessário para garantir o desenvolvimento e acabar com as desigualdades pode ser defendida diante dos fatos.

Se buscamos garantir que a humanidade se perpetue no planeta é preciso buscar novos rumos para que possamos deixar um mundo saudável para quem ainda estar por vir e deixar boas pessoas para um mundo que sustenta a vida. Os caminhos são complexos e dizem respeito às diferentes dimensões da vida humana, que vão de aspectos individuais e microssociais aos coletivos e macrossociais.

É preciso postura ética e adoção de comportamentos pessoais voltados à empatia, ao acolhimento do outro e ao respeito à natureza, que é a base da vida no único planeta que temos para habitar. Responsabilidade dos entes públicos na condução de políticas de Estado e na garantia dos direitos do cidadão, como condição para uma conduta social pertinente à justiça socioambiental. Igual responsabilidade dos entes privados no setor produtivo, no desenvolvimento tecnológico, na execução de serviços e na relação com os órgãos públicos. Fomento a novas formas de produzir, de realizar a economia e propiciar bens de consumo justamente distribuídos. E o respeito aos povos, culturas e à diversidade biológica, social e humana.

Simples? Certamente, não. Mas movimento necessário, antes que aquilo que se apresenta como uma crise ambiental se transforme em um colapso irreversível. Há tempo, ainda que escasso, e mais do que isso, é preciso confiar que a humanidade será capaz de reverter o que ela mesmo criou ao longo dos últimos 500 anos.

Por Carlos Frederico Loureiro, Junho/ 2022.